Há pouco, quando saíamos da ilha de Santa Catarina em direção a Imbituba, Garopaba ou Rosa, transitando pela expressa, na curva à direita, quase podia-se capotar o carro. A curva é intensa e, em velocidade 90, 100, pode ser fatal. Hoje, impossível morrer ali, só se for de impaciência.
A quantidade de carros hoje é providencial.
Sim, é a providência divina que nos assiste e permite que brinquemos de criar até não mais ter espaço para guardar nossos brinquedinhos. Brincar com os brinquedinhos é ainda mais difícil, pois já estamos crescidos e não achamos tanta graça em trabalhar por longos períodos para pagar as prestações de nossos brinquedos. E o que é pior, temos que pagar planos de saúde exorbitantes, pois nossos brinquedinhos tem potencial permanente de nos machucar.
Ah, estamos cansados! Mas ainda assim pegamos nossos brinquedos de passear e queremos sair da cidade maluca onde estamos aprisionados dezenas de horas por semana, gerando o dinheiro para pagar a conta; então vamos para algum lugar…
Todos estão indo para algum lugar!
Antes, há pouco, íamos rápido. Alguns chegavam bem rápido. Outros espatifavam-se pelo caminho, jamais chegando. Brinquedos potentes, pistas sem limites, bebidas, drogas, muitos prazeres e lá se ia a vida. A vida se ia como se vai, exatamente como no momento em que o Espírito se retira. Mas agora, eis a providência! Já que não sabemos transitar com nossas maquinetas, belas e importadas, mas maquinetas; a providência é visivelmente a falta de espaço para andarmos rápido. Assim, se algo der errado, teremos Tempo para continuar vivos.
Hoje, matar no trânsito é pura falta de paciência. A paciência é uma característica da formiga. Elas bem sabem trabalhar em comunidade e, além de preservar a espécie preservando o meio, sabem se multiplicar sem ficarem nervosas. Parecem saber que toda a ação tem uma reação, que toda a mensagem comunica algo, que depois do verão vem o inverno, que todo o lugar a chegar tem um caminho, que todas as semelhantes agem de acordo e, que pelo mesmo caminho que se vai, se volta.
Assim, a imensa fila na Br 101 ficou mais confortável do que ir caminhando na chuva e com calçados apertados. Afinal andar descalço na beira da praia em um dia de Sol, poderia ser para todos!
Conheça meu livro neste link. Nele dou algumas pinceladas em nosso Tempo.
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