Livre-Arbítrio

Escrito em 11/01/2009 por Gisele de Menezes

Quando trilhamos um caminho um pouco diferente do “normal”, começam a acontecer coisas diferentes do “normal”, óbvio.

Em um belo dia, olho para a televisão e vejo-a como um trambolho dentro de nossa pequena casa. A casa que ocupávamos naquela época de grandes mudanças mais parecia uma casinha de bonecas, situada na beira do mar de dentro da ilha de Florianópolis. Era um momento de restrições financeiras e manter a televisão com uma imagem razoável acarretava em excessiva despesa. De qualquer forma, a televisão que tínhamos era herança de uma vida deixada para trás, onde a casa que habitamos era grande o suficiente para comportar aquele tamanho de televisão. Não tendo muita opção dentro de casa, desconectei o aparelho da tomada, coloquei um pano colorido sobre a televisão e usei-a como porta tarecos. Que alívio! Menos uma conta e menos gasto de energia elétrica.

Naquela época achei que estes benefícios já seriam suficientes para manter o aparelho desligado por um tempo. Sequer imaginava todas as dádivas que nos aguardavam um pouco além da telinha.

Fizemos uma reunião, eu e os pequenos moradores e avaliamos o momento como passageiro. Pensamos em opções para suprir qualquer carência advinda da falta da televisão. Para minha surpresa, a televisão foi esquecida. Os meninos não demoraram a se envolver com Skates, Surf, Livros, bate-papos e novos amigos. Estes não pararam mais de chegar, a casa estava sempre Alegre e muitas histórias de experiências reais começaram a preencher nossas vidas. Algumas vezes sem amigos e sem histórias, tivemos a oportunidade de apreciar o silêncio e fomos desenvolvendo nossas individuais potencialidades que, com o saudável espaço proporcionado pela nova atitude, afloravam criativamente.

A cozinha também passou a ser um grande laboratório de vida, atraindo muitos amigos que partilhavam seus conhecimentos e suas abundâncias. Nada demorou e estávamos nos desligando das matanças carnívoras e enveredando pelos saborosos, coloridos e vivos caminhos do vegetarianismo. No início emagrecemos um pouco, mas nos sentimos melhor. Gostamos de nossa nova forma e percebemos que apesar de sermos alvo de brincadeiras, rejeições e agressões, também atraíamos cada vez mais amigos em comum.

Em muito pouco tempo, não tínhamos ninguém dentro de nossa casa a nos dizer o que precisávamos comprar para sermos melhores, o que vestir para sermos aceitos, o que fazer para sermos iguais e a nos assustar com previsões de violência, epidemias, terrorismos, doenças incuráveis, novas síndromes acompanhadas de drogas necessárias, dramas familiares, traições e estímulos à perversão sexual. Estávamos livres da mesmice e por conta de nossos corações! Aos poucos não mais fomos vistos em grandes centros de compras e sequer sabíamos das “novidades”. Nossas ansiedades se diluíram em sucos naturais de frutas da estação.

Em nossos corações, agora sonoros e percebidos com respeito, encontramos Paz, Compaixão e Harmonia. Cada momento de nossas vidas passou a ser valioso e incomparável. Aprendemos a escutar e valorizar o que o outro tem a dizer e também nos demos conta de que as pessoas que não se escutam, repetem seus padrões como se fossem discos arranhados. Nossa vida ficou totalmente nova a cada momento e uma sensação de êxtase foi tomando conta das nossas manhãs. Aprendemos a tomar as coisas como elas são e a percebemos que o tempo é muito intenso e o dia muito longo.

Com o passar dos anos, percebemos que as notícias e os acontecimentos andam como ondas e aprendemos a olhar para as ondas e não mais sermos levados por elas. Assim, vimos que as ondas se desfazem logo adiante, dando naturalmente lugar às outras. É incrível como observamos os padrões que a televisão pode criar nas pessoas e como elas sofrem por isso. Nosso humor passou a ser uniforme, sem oscilações provocadas por tendências ou estatísticas.

Hoje, quando vemos o monte de entulhos que as pessoas levam para suas casas, o lixo que elas produzem entupindo a Mãe Terra, quando observamos armários abarrotados de mantimentos e roupas, gavetas cheias de remédios, preocupações com modelos de carro, estresses com festas de final de ano e dívidas com mais presentes, crises existenciais, disputas por poder, indiferença com os demais e muitas pessoas vivendo na ilusão do mundo material monetarista – vitimas de sofrimentos inexistentes – sentimos compaixão e oramos para que todos os seres possam desligar suas televisões e definitivamente viver uma vida simples e real que lhes faça feliz.

Tags: Blog Compaixão Harmonia Livre-Arbítrio Paz Televisão

Comentários

NAMASTÊ!

CONEXÃO TOTAL NO MOMENTO IDEAL!

ALOHA

Annete e Davide
20/12/2008

Gostei muito desta sua reflexao! é muito interessante ver aonde as ondas nos levam, nem sempre vamos para onde pensamos, mas acredito que com um coração puro, não interessa o caminho, no fim estaremos juntos. Bjs fer

fer
20/12/2008

Nossas mudanças são nossas escolhas, as vezes boas e as vezes ruins. Quando optei por não ser mais escrava da tv, minha vida teve mais qualidade, concordo no tempo que se perde com informações passadas e dramas desmedidos. Precisamos nos ouvir e não ficar na fila sem saber o que nos espera na frente. Parabéns por tuas escolhas e obrigada por compartilhar tuas mudanças. Bjs.

Maristela
21/12/2008

Deus nos dotou do livre arbitrio…por mais que esteja na ” moda” usos e costumes,comportamentos e consumismos…por mais que a TV e principalmente a internet nos conduza somente a luxuria,mora dentro de nos uma conexao com o divino..O nosso livre arbitrio nos faz escolher e nossa consciencia vai nos apontando e cobrando nossas mudanças,nossos acertos e erros..e nossa vida vai assimilando estas mudanças!!!reflitam sobre isto !

juliana
16/06/2009

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