Viagem Xamânica

Escrito em 17/04/2008 por Gisele de Menezes

O xamâ aproximou-se suavemente do grupo que buscava entendimento e convidou para uma viagem pelo Grande Eixo dos Mundos.

Fechem os olhos, vamos visualizar o Grande Eixo do qual somos parte, usaremos o poder de transformação através da energia dos animais de poder.

Juntos chegaram próximos de um imenso pilar dourado, não se podia ver início nem fim. O xamã fez um gesto com a mão, convidando-os a chegarem mais próximo. Ao chegarem, olhando para baixo, na intenção de visualizar onde começava o Grande Eixo, constataram que encontrava-se enterrado como um sólido tronco de árvore.

Não vemos as raízes, mas elas existem, desceremos a esta camada abaixo. Este é o mundo raíz. Vamos usar a energia do irmão castor. Desceremos e conheceremos o mundo escuro, o interior de onde brota a vida terrena. É ali, neste local sagrado, que o Espírito encontra a forma. Despertaremos nosso conhecimento!

Tudo estava vivo, tudo pulsava e  nesta profundidade, foram acolhidos por todos os seres que os rodeavam. Muitas formas de vida! Ali ficaram por algum tempo, sentindo o úmido e morno útero.

Agora que conhecemos a base, vamos olhar novamente para o eixo.

Agradeceram a hospitalidade do castor e colocaram os pés novamente acima da Terra.

Agora estamos conscientes de que a grande Mãe é sagrada, sabemos que está viva e nos dá a vida. Nos tem como um amado filho.

Ao se perceberem acima Dela, de joelhos passaram a honrá-La e fizeram uma reverência ao lugar sagrado de onde brotamos e que nos acolherá quando precisarmos de renovação. Saudaram a Grande e divina Mãe!

Com este conhecimento adquirido, com a clareza de que a Mãe Terra é sagrada, usaremos a energia do irmão sapo e contemplaremos toda a beleza da superfície. Cantaremos para a chuva só para ver a alegria de todos os seres vivos ao serem purificados pela Água.

Brincaram, contemplaram e se encantaram com o calor do avô Sol em suas costas, quando a chuva se foi anunciada pelo imenso arco-íris da renovação. Cantaram a última canção quando a noite chegou, trazendo o despertar da irmã Lua…

…Voltaram os olhos para o eixo.

Precisaremos de muito poder, muita força, vamos subir. Já sabemos que todas as criaturas são sagradas e que cada pedaço de Terra é igualmente importante. Estamos puros e poderemos subir. Usaremos a energia do irmão cavalo e correremos livres usando sua força.

Experimentaram o poder do Fogo dentro de seus corpos, sentiram a presença do elemento sagrado e compreenderam a leveza. Após esta jornada, satisfeitos com a experiência do poder, caminharam vagarosamente e se alimentaram com os vegetais que brotavam da Mãe. As ervas estão igualmente impregnadas de energia solar em seu interior. Todos sorriam!

Deixaremos o corpo do cavalo e tomaremos a forma de uma borboleta. Nos deixaremos guiar pelo belo e nos alimentaremos com o néctar das flores.

Passearam leves e contemplativos, aceitando a abundância. Nada carregaram e a nada se apegaram, pulsavam de flor em flor!

Um dia será suficiente, pois teremos todos os instantes.

Deixaram que o Ar os carregasse até a próxima flor. Sentiram a Verdade em seus corações, ao lembrarem que eram no íntimo, lagartas sonhadoras que ganharam asas coloridas. Testemunharam a impermanência!

Após saltitarem erráticos pelo Espaço, deixaram a forma da borboleta e expandiram, ficaram imensos. Adquiriram qualquer forma de vida. Tudo continham e em tudo estavam contidos. Transformaram-se em micróbios, bactérias, amebas, e, em alguma célula que quer viver, simplesmente deixaram a forma aparecer. Eram formas que não se repetíam, eram únicas, coloridas e flexíveis.

Agora que já vivenciamos os estágios criadores, onde os elementos se unem para experimentar o poder da transformação, vamos de cima, olhar para tudo isso. Subiremos mais no eixo. Usaremos a energia da grande irmã águia, abriremos bem nossas asas e observaremos tudo lá de cima.

Por longo periodo ficaram de asas abertas aproveitando a respiração quente da Mãe Terra. Jogavam-se do calor de um poro ao outro e experimentaram os círculos dançantes, rodopiantes e ascendentes. Ficaram perto do avô Sol. Ao sentirem o calor dele em suas penas, abaixaram suas cabeças protegendo a visão. Ao abaixarem as cabeças, enxergaram lá de cima seus ninhos colocados nos picos dos montes íngrimes da Mãe. Voaram ao redor dos ninhos completando espirais dentro de espirais. Cuidavam da perpetuação de seus sagrados corpos. Estavam conscientes!

Queremos sempre estar aqui testemunhando a criação. Este é o reino da observação. Aqui podemos ver as coisas como elas são. Agora deixaremos o corpo da águia, pois precisaremos olhar para cima, mais alto no Grande Eixo, vamos subir ainda mais.

Atraídos pela luz, subiram mais e mais. Não mais tinham corpos físicos. De repente, sem parar de ascender, atravessaram uma intensa escuridão. Um silêncio profundo e tudo se apagou. Continuaram subindo atravessando a escuridão. Um calor úmido tocou suas formas fazendo perceberem-se novamente. A escuridão continuava. Após algum tempo, um movimento e chegaram novamente na luz. Uma intensa luz fazia-os manterem os olhos fechados. Uma imensidão de Paz!

Abram os olhos e vejam suas formas.

– Somos uma flor de lotus! Exclamaram.

Presentes e contemplativos ficaram ali. Simplesmente ficaram. A lama os acolhía, lhes dava a base e estavam na luz, tinham muitas pétalas.

Este é o eixo. O princípio, o fim e o princípio infinitamente. Para todo o sempre, pelos séculos dos séculos.

AUM!

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Comentários

Oi Gi, a experiência que passaram com a energia dos bichos deve ter sido muito muito boa.
Fiquei me imaginando enquanto lia.
Porem o que mais me deixa de cara é ler o teu depoimento sobre o convívio com outras religiões, principalmente os muçulmanos.
Vejo que todos querem a mesma coisa, acreditam nas mesmas coisas, porém de formas diferentes e não conseguem viver em paz com outras religiões.
O que nao compreendo eh a separação que ocorre, mais dentro das nossas religiões, que as dos índios, pois estes se separaram e de certa forma continuam iguais, acrditando na força de um Deus, Terra, Céu , Ar, um Deus principio, diferente de nós, católicos, muçulmanos, judeus…, que queremos que o nosso Deus seja maior, mais onipresente, mais mais que o dos outros, sendo todos um Deus só, que só quer que “seus filhos” se amem e se unam.
Acredito que um dia isto acontecerá, mas não sei a que preço.
Espero que quando voltarem, reservem um tempo para nos contar mais as experiências que passaram.
Bjs até Fer

Fer
05/08/2007

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